Todo mundo odeia as baratas. E fico pensando
em que poderiam ser úteis. Uma barata serve pra que, mesmo? Até pra matar é
aquela nojeira. Uma gosma fedorenta. Se bobear, transmite giárdia. Deixando
aquelas bolotas pretas de (você sabe o quê!) dentro do armário da cozinha. Ô,
bichinho porco, Meu Deus. E por falar no Criador, por que será que Ele inventou
tais insetos?
Segundo a Bíblia, foram sete dias pra criar
o Universo. A barata foi criada no qual? Provavelmente no finzinho do
“expediente divino”. Lá no sétimo dia, às onze e cinquenta e nove da noite.
Deus já querendo tirar suas férias. Tudo prontinho. Terras, céus e mares. Ou
quase pronto. Que mais poderia faltar? 23:59:57... 23:59:58... 23:59:59... E, num
momento de grande inspiração, catbum! Foi feita a barata.
E a gente fica indignado, não é? Talvez
porque nos consideramos muito superiores. Os bam-bam-bans da Criação. É, eu
sei. A gente realmente se acha. Já a pobre barata... Sabe como é. Um simples
inseto. Pequenina, pequenina. Reduzida à sua insignificância. Vive se
escondendo. Olha o chinelão! Aí, quanto desespero! Um corre-corre daqui, voa-voa
dali. Tudo pra salvar sua vidinha que ninguém dá a menor importância. E, cá pra
nós, como ela luta pra viver! Mesmo mortalmente ferida, mexe as patas buscando
andar. Numa última esperança de não morrer. Que geralmente é inútil. Quanta
ironia! Tamanho valor dado à vida, por um insetinho que todos queremos matar.
Pois a barata é mesmo um bicho indecente. E
Deus deve ter se envergonhado de criar. Afinal, não são elas que jogam bombas
atômicas em outras baratas? Sem falar que, longe da nossa perfeição humana,
chegam mesmo a escraviza suas irmãs. Por isso, o ser humano esmaga toda barata que
encontra pelo caminho. Na maior paz de espírito. Sem uma gotinha sequer de
remorso. E no fundo, acaba agradecendo a Deus por Ele mesmo não ser como o
próprio homem.
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