sábado, 21 de julho de 2012

A Palavra G



   Grande amigo, você pode dizer muitas coisas a uma mulher. Que ela é metida, antipática, chata, tagarela,... Tudo isso, ela pode perdoar. Mesmo que demore um certo tempo. Mesmo que seja num futuro distante. Quem sabe, algumas décadas depois. Sem falar uma palavra contigo. Te esnobando com o mais completo desprezo. Mas, paciência. Vão ser só algumas poucas décadas e nada mais. O tempo mínimo pra uma mulher superar seu ressentimento. Agora, preste atenção. Vou te dar um conselho importante. Uma dica de ouro. Que vai te servir pra vida inteira. Se tiver juízo, com certeza, sei que vai escutar. Meu amigo, meu gran-di-ssí-ssi-mo amigo. Não cometa a pior idiotice. Ouça a voz aqui da experiência. Nunca, jamais!, diga a uma mulher que ela é G.

   Olha que eu nem me atrevi a pronunciar tal palavra. Nem mesmo aqui, nessa cômoda folha. A usn bons quilômetros de distância. Essa palavra aí aparece só com a sua inicial. Não se trata de nenhum suspense. Apenas uma forma de me proteger. Talvez uma mulher com TPM acabe lendo. E chegue à infeliz conclusão de que foi escrito precisamente para ela. O que, convenhamos, seria um enorme equívoco. Mas, aí já viu. Seria tarde demais. Mulher com TPM, sabe como é... Dizem que esse negócio é ligado um tipo de tensão. Mas que tensão é essa? Tensão de 110 ou 220V? Ah, fala sério! Não vê que mulher não é como liquidificador pra ficar ligada na tomada! A verdade (a mais pura e genuína verdade) é que TPM se trata da sigla de Tá Procurando Muvuca. Assim, toda a bagaceira seria inevitável. Pois uma mulher chamada de G não perdoa. Ah, não perdoa mesmo!

   Realmente, a última vez que chamei uma mulher de G foi inesquecível. Apesar de querer esquecer até hoje. Ela me perguntou se estava bonita. Por que será que elas sempre fazem isso, hein? Mas tudo bem. O importante é ter muita calma nessa hora. Aliás, calma nem seria a palavra certa. O melhor mesmo é cara de pau. Só que infelizmente, fui sincero. Uma coisa que as próprias mulheres não aceitam. Mas, você não precisa cometer esse mesmo erro.

    Diga sempre que está linda. A mais bonita mulher do mundo. Não, só do mundo é pouco. Diz que é do universo inteiro. Assim, não vai restar dúvida alguma. Claro que ela não é idiota. Não vai acreditar mesmo. Também você, obviamente. Mas nessa hora, um detalhezinho chamado verdade é o que menos importa. Apenas diga aquilo que toda mulher gosta de ouvir. Que não tem nada, ABSOLUTAMENTE NADA, de errado com ela. Uma perfeição da cabeça aos pés. Esse, sim, é o verdadeiro caminho da felicidade junto ao sexo feminino. Por isso, ninguém pode reclamar de que elas não são realmente fáceis de entender. Quer dizer, são complicadas só no início. Nem a Física Quântica chega perto. Mas depois que você pega a manha... Aí, basta aprender a fazer a equação do elogio perfeito. A que todas adoram de escutar. Que é a seguinte: celulite + estrias = corpo maravilhoso. Aí fica simples, não é mesmo? Basta encontrar o resultado errado. Mas se cair na besteira de resolver certo (celulites + estrias = G). Ops! Nesse caso, não é o problema que leva à solução. A solução é que leva ao problema. E que grande problema!

   A melhor forma de conviver com as mulheres é essa mesmo. Tirar a palavra G do dicionário. Vai conseguir paz de espírito pro resto da vida. Mas há momentos em que a palavra G deve ser dita. E quando isso acontecer, não se desespere. Pensando bem, se desespere, sim. Eu já estou com pena de você. Vai entrar numa enrascada daquelas. Mas pra ter alguma chance de sobreviver, seja corajoso. Se esconde logo atrás de um poste. Brincadeirinha! O melhor mesmo é encontrar uma forma discreta de dizer que a mulher é ou está G. E eu tenho uma. Entregue esse texto. Assim, como quem não quer nada. E enquanto ela estiver lendo, vá se afastando até uma distância seguro de uns quinze metros. Depois, escolha o caminho perfeito pra fugir da fera. E então, mas só então, peça pra ela juntar as primeiras letras de cada parágrafo acima.
         

domingo, 8 de julho de 2012

E o mundo não acabou (ainda)


  
   Não se faz mais Apocalipses como antigamente. Alardearam que a Humanidade iria pras cucuias agora, em 2012. Enfim, seria mesmo o nosso fim. O adeus desse mundinho de Deus. O “grand finale”. Ou “the end”, já que preferimos tanto o inglês. Mas saibam desta última. O mundo não vai acabar mais. E eu me pergunto. Pode uma coisa dessas?! Isso me deixou tão deprimido. Tão revoltado. Tão jururu. Tão... como que eu digo!... tão... tão... argh! Não, isso não pode estar acontecendo! Não dá pra acreditar nesse absurdo. O mundo não vai acabar mais. E eu que já tinha me programado tanto. Me preparado psicologicamente pra ir pro além. Gastado uma grana, com uma médium pra me ensinar o caminho do “andar de cima”. Ao invés de descer lá pro “subsolo”, onde cheira a enxofre. Agora o que é que eu faço? Foi um dinheirão perdido. Será que dá pra reclamar no Procon?

   Sim, eu gostaria de fazer uma queixa. Porque me deram garantias de que realmente tudo isso aqui deixaria de existir. Falaram desse tal de Calendário Maia. Dos seus complexos e confiáveis cálculos matemático-astronômicos. Todos feitos há bastante tempo. Pra falar a verdade, há alguns milhares de anos. E diretamente escrito na pedra. Com toda responsabilidade ambiental necessária. Sem usar uma folha de papel sequer, pra não derrubar árvore nenhuma. Ou seja, uma coisa dessas, ecologicamente correta, e 100% natureba, tinha que funcionar. Tinha ou não tinha? Claro que tinha. Assim, acabei acreditando de coração. Me apavorei e roí todas as unhas, até ficar no toco. Mas no último instante, eis que veio a mais completa decepção.  Tudo não passou de calote. Um calote apocalíptico. O serviço de destruição em massa não vai ser mais feito. Esse nosso mundo não vai mais acabar. Nossos cientistas e seus moderníssimos computares erraram na interpretação dos cálculos que os maias fizeram numa simples pedra. E agora avisaram que o Apocalipse vai acontecer só daqui a mil anos. Quem quiser pode continuar esperando.

   Mas é bom fazer um pequeno esclarecimento. Não fiquei triste pelo fato da Terra seguir dando as suas voltinhas. Até porque, considero um pequeno detalhe nessa história toda. Eu também moro nela. Contudo, se nem no fim do mundo a gente pode acreditar mais, vamos acreditar no quê? Pelo menos, no fim do mundo eu botava a maior fé. Pensava com os meus botões. Aí está algo que não parece promessa de político. Um evento grandioso. De magnitude planetária. Totalmente gratuito. Sem ninguém vendendo ingresso. E democrático também. Desde o mendigo da esquina até a Rainha da Inglaterra, ninguém vai ficar de fora. Todos estariam convidados. Sem distinção de sexo, raça ou religião. É, mas fazer o quê! Esse anúncio do Apocalipse Maia fracassou realmente. Agora resta o Apocalipse Cristão. Mas já avisaram que esse ninguém (a não ser o Pai) sabe quando vai chegar. Pode ser daqui a mil anos ou até daqui a um segundo. E sinceramente espero que não tenha chegado antes de terminar de ler esse texto. Pra te lembrar de viver a vida o melhor que puder.